Durante o período de organização do I Seminário de Educação da Maré, a equipe de comunicação da Redes entrevistou algumas pessoas que estão envolvidas com o evento para saber suas opiniões sobre temas ligados à educação e ao seminário. Confira!
*Eblin Farage é Doutoranda de Serviço Social pela Uerj, Diretora da Redes de Desenvolvimento da Maré e Coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Favelas e Espaços Populares.
1. Como a favela vem sendo tratada pelo poder público?
De forma geral, a favela ainda é tratada pela maior parte do poder público como espaço de subalternização, ou seja, é tratada de forma pouco qualificada. Isso pode ser identificado na qualidade das políticas públicas inseridas nesses territórios.
A favela, e por consequência seus moradores, ainda são vistos como algo a parte da cidade, o que acaba por produzir estigmas, estereótipos e um tipo de intervenção pública que não parte do direito e não prima pela dignidade humana.
2. Qual a importância da criação do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Favelas e Espaços Populares dentro de um bairro como a Maré?
O objetivo de criar o Núcleo é o de construir um espaço de articulação de pesquisadores oriundos e/ou atuantes nos espaços populares, como forma de qualificar as análises e as produções teóricas sobre esses espaços. Nosso desejo é criar uma rede de pesquisadores que possam produzir, a partir da realidade dos espaços populares, reflexões e análises que, de formas diferentes, contribuam para a qualificação das políticas públicas e para o reconhecimento desses espaços como cidade.
Outro objetivo do Núcleo é contribuir para a qualificação teórica dos projetos e ações desenvolvidas pela Redes de Desenvolvimento da Maré, por isso pensar em ações que estejam imbricadas no objetivo maior da instituição e que contribuam para a construção de um projeto estruturante para a Maré.
3. Por que a realização do I Seminário de Educação na Maré como primeira ação do Núcleo?
O I seminário de educação da Maré surge como iniciativa da REDES, por conta de sua longa trajetória na área de educação, em especial pelo Programa de Criança Petrobras na Maré. Como um dos objetivos do Núcleo é contribuir com a concretização de ações e projetos que estejam voltados para um projeto estruturante para a Maré, avaliamos que essa seria uma ótima oportunidade de dar início as nossas ações, já que consideramos a Educação uma área fundamental de atuação para pensar um projeto de desenvolvimento para a Maré.
O Núcleo é formado por educadores e professores, que têm vínculos diferenciados com a REDES e com a Maré. Então, para nós, foi mais do que natural aceitar esse desafio, além de ser muito prazeroso contribuir para pensar a educação na Maré e a superação de suas dificuldades.
4. O Seminário também está lançando um edital de seleção de artigos para a publicação “Escola, Violência e Segurança Pública: caminhos possíveis para a melhoria da Educação na Maré”. Qual a importância desse edital e da publicação?
Essa será a primeira publicação organizada pelo Núcleo, e com ela vem a expectativa de dar início a uma série de publicações que reflitam, pensem e indiquem caminhos para o trabalho realizado na Maré.
Acreditamos que a organização de uma publicação como essa também é o espaço para que pessoas troquem informações, se conheçam e juntas possam pensar e propor alternativas para os problemas da Maré, neste caso a educação, segurança pública e violência.
Um livro não é apenas um espaço de produzir um artigo, um conhecimento individual, mas, ao contrário, é o espaço de socializar reflexões coletivas, aprendizados e boas práticas. È nesse caminho que apostamos, por isso a realização de tantas parcerias, pois acreditamos que esse trabalho de pensar a Maré deve ser construído coletivamente.